quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Situação em Honduras

Ontem, 27 de janeiro, o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, deixou a embaixada brasileira em Tegucigalpa em direção à República Dominicana.

Com a eleição de Porfirio Lobo em 29 de novembro último, este buscou arrefecer os ânimos e tentar encontrar uma saída negociada para a crise, até mesmo porque, além dessa questão dividir o país politicamente e prejudicar o desempenho de seu governo que se inicia, em razão do Golpe de Estado, muitos países ainda não reconhecem sua eleição e vários bloqueios à ajuda financeira, convênios e parcerias para a construção de infra-estrutura ainda se mantêm. É o caso do financiamento obtido junto ao BNDES para a construção de duas usinas hidrelétricas no país que se encontra bloqueado, além de Honduras ainda se encontrar suspensa da OEA.

A permanência de Zelaya na embaixada brasileira acabou por provocar uma situação sui generis, na medida em que o Brasil o reconhecia como presidente da república de direito e, portanto, se recusava a acolhê-lo como exilado ou dar-lhe asilo. Por outro lado, como existiam ordens de prisão contra ele, não podia, por conseguinte, deixar a embaixada. Foi aí que ele se tornou 'hóspede', que não foi convidado a entrar e que não podia ir embora...

Sem o radicalismo do governo golpista que não aceitou um primeiro acordo mediado pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias, o atual presidente Porfirio Lobo trabalhou para apaziguar a situação de modo a aumentar o reconhecimento de seu governo pela comunidade internacional. Imediatamente após a sua posse, o presidente assina um decreto de anistia política tanto para o grupo de Zelaya como para o grupo golpista.

Entretanto, como ainda resta um pedido de prisão contra Zelaya, foi acordado também um salvo-conduto para que Zelaya pudesse transitar da embaixada brasileira ao aeroporto sem que fosse preso, de modo a seguir em rumo ao exílio.

A tendência agora é de normalização, principalmente em razão do empenho do novo presidente em superar a crise. Nota-se o fato de após a sua posse, Porfírio Lobo ir até a embaixada brasileira para se despedir de Zelaya. No fim de fevereiro haverá reunião do Grupo do Rio (grupo de consulta e concertação política compostos por Estados da América Latina) em Cancún, México, onde o assunto deverá ser tratado, abrindo caminho para futura normalização da situação também no âmbito da OEA.

Um comentário:

  1. Hoje, 29 de janeiro, saiu nos jornais a notícia de que Honduras barrou a entrada da Vice-Cônsul do Brasil. Apesar da impressão de confronto que a notícia dá, a ação do atual governo depois do incidente dá mais claras demonstrações de sua vontade de normalizar a situação e evitar novos transtornos.

    A vice-Cônsul Francisca Melo teve seu visto negado pelo governo golpista anterior, e quando foi entrar no país ontem, teve sua entrada negada devido a este fato.
    Ao saber do incidente, o novo governo considerou o fato como 'um erro grave', demitiu o Diretor de Imigração Nelson Mejía e pediu desculpas ao Brasil.

    Segundo o jornal O GLOBO, uma fonte brasileira acredita que a disposição do governo em consertar o incidente poderá acelerar a retomada das relações diplomáticas entre os dois países.

    ResponderExcluir