sábado, 30 de janeiro de 2010

Situação econômica dos emergentes - ambiente instável

No recente post "Existe alguma bolha nos BRICs?" do blog A vez dos BRICs, há preocupação sobre a possibilidade de neste período de recuperação econômica, haver uma possível valorização dos ativos sem sustentação nos países emergentes.

Como os princiapis países emergentes - neste caso, BICs ao invés de BRICs, já que a Rússia sofreu uma forte contração econômica em decorrência da sensível queda dos preços do petróleo no mercado internacional, aos quais sua economia se encontra muito dependente - foram os menos afetados pela crise do ano passado, eles agora são considerados os principais agentes que vão sustentar o crescimento econômico mundial neste ano que se inicia. Essa expectativa de que os países emergentes se tornem 'locomotivas' do crescimento mundial acaba por provocar uma valorização dos seus ativos no mercado futuro, o que poderia ocasionar uma relação de troca desses ativos com preços maiores que seus preços reais, gerando assim uma bolha.

No caso específico do Brasil, a sobrevalorização do Real, a falta de infra-estrutura e o baixo nível de educação da população brasileira são entraves importantes que podem provocar a falta de sustentabilidade do crescimento econômico. No caso da China, a preocupação ocorre em relação à grande intervenção do Estado na economia, como a interferência no câmbio e os recentes atritos entre o governo e empresa Google, o que gera certa desconfiança entre os investidores.

Essa sobrevalorização dos preços acaba gerando pressões inflacionárias, e essa é a principal preocupação que aflige os países emergentes no momento. Brasil, Índia e China vêm emitindo sinais cada vez mais claros de preocupação com a matéria e de que atuarão para evitar esse risco. Na Índia, o governo determinou o aumento do depósito compulsório dos bancos junto ao Banco Central, e no Brasil, a previsão geral do mercado é que a taxa básica de juros possa subir já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (tanto o aumento da taxa de juros, que encarece o crédito, como o aumento do depósito compulsório visam retirar meio circulante da economia de modo a tentar conter o crescimento da inflação).

Entretanto, prever cenários duradouros em momentos de crise é algo difícil, pois as incertezas são muitas. A euforia excessiva de melhora da economia mundial no fim do ano passado voltou a dar lugar à preocupação ao risco. Essa nova onda de pessimismo começou com o risco de insolvência do Emirado de Dubai e continua pela diminuição de liquidez da China, da expectativa de criação de maiores limites para a atuação dos bancos nos Estados Unidos, e da preocupação com o elevado déficit fiscal de países europeus como Espanha, Portugal e Grécia (este último correndo sério risco de ter que recorrer a recursos da UE ou FMI, colocando em risco o prórpio Euro. Leia reportagem da The Economist sobre a situação da Grécia e como isso afeta a UE).

Isso tem provocado aumento da aversão ao risco pelos investidores estrangeiros, o que vem ocasionando quedas nos principais índices das bolsas de valores dos BICs e a recente desvalorização do Real, e até mesmo do Euro, frente ao Dólar.

3 comentários:

  1. Olá Bruno!
    Bom "revê-lo" depois de tanto tempo sem contato!
    Belo blog.
    Visitarei mais vezes.
    abço

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  2. Legal!
    com ou sem bolha, China ainda eh a locomotiva do crescimento mundial... e eh melhor estar como dinheiro no Brasil do que na Irlanda, Islandia ou Grecia! :P

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  3. Complementando a informação dada neste post sobre a situação econômica que a Rússia vem passando, segundo o Blog MiriamLeitão.com de hoje, dia 1 de fevereiro, acaba de sair a variação do PIB russo de 2009. Segundo a jornalista, a economia russa teve um declínio de 7,9%, a maior em 16 anos, superando até mesmo a queda sofrida em 1998, ano da moratória da dívida russa.

    Diferentemente da situação de China e Índia, que tiveram apenas redução de crescimento, e até mesmo do Brasil que ficará estagnado, a Rússia teve uma queda considerável, fazendo com que momentaneamente, os BRICs sejam reduzidos a BICs.

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