quarta-feira, 19 de maio de 2010

Irã e a Questão Nuclear

Em visita oficial ao Irã essa semana, o Presidente Lula, o Primeiro-Ministro turco, e o Presidente iraniano chegaram a um acordo e assinaram um documento no qual o governo irariano aceita trocar aproximadamente 1200 kg de urânio levemente enriquecido (3,5% usado em reatores nucleares), depositando-o em território turco, recebendo em troca, aproximadamente um ano depois,  aproximadamente 120 kg de urânio enriquecido a um nível de 20%, que seria usado em reatores de pesquisa nuclear que produzem isótopos que podem ser usado na medicina.

Esse acordo foi alcançado na madrugada de segunda-feira, após horas e horas de negociações que se iniciaram no sábado, com a chegada do Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a Teerã. Entretanto, esse acordo não foi muito bem recebido pela comunidade internacional, principalmente os países com poder de evto do Conselho de Segurança (CS) da ONU - EUA, Reino Unido, França, Rússia e China, mais a Alemanha (países 5+1), tendo em vista que este acordo é quase igual a um outro acordo já aceito pelo Irã em outubro de 2009, com a França, Rússia e a Agência Internacional de Energia Atômica - AIEA,  e que contou com apoio dos EUA, pelo qual este país se comprometia a enviar os mesmos 1200 kg de urânio para a Rússia, que providenciaria seu enriquecimento na França, o qual o Irã depois não cumpriu, exigindo que a troca ocorresse em seu trritório ao invés do território russo, além de que esta troca ocorresse de maneira imediata.

Para os países 5+1, se o Irã não cumpriu o acordo anterior, por que este acordo, que basicamente versa sobre as mesmas condições, seria aceito? Além disso, 1.200 kg, que em outubro, era basicamente a quase totalidade de urânio enriquecido que o Irã possuía, hoje representa aproximadamente a metade, e além disso, logo após os contra-partes do acordo, o presidente Lula e o PM turco, deixrem o território iraniano, seu presidente veio a público afirmar que continuaria enriquecendo urânio! Sendo assim, pra que acordo?

Não foi surpresa os países 5+1 informarem nesta terça-feira que chegaram a um consenso sobre o texto de uma possível resolução do CS impondo novas sanções econômicas ao Irã. A questão agora seria o tempo certo para adotá-la, já que a AIEA ainda não recebeu oficialmente o acordo de domingo, e se esta quarta rodade de sanções seriam eficaz, tendo em vista que as três anteriores não foram suficientes para que o Irã suspendesse seu programa nuclear.

A situação continua complicada já que tanto Brasil quanto Turquia são membros do CS e acham que novas sanções não devem ser impostas. Além disso, o Líbano e o Gabão se filiam à tese da negociação, colocando em possível risco as sanções, na medida que para serem adotadas, deve ocorrer aprovação de 9 dentre 15 de seus membros.

Na reunião UE-AL que ocorre em Madrid, o presidente Lula teve oportunidade conversar com o Presidente Francês, Nicolas Sarkozy sobre o tema. Os fatos ainda estão recentes e pouca certeza há sobre os próximos movimentos. Seguimos esperando as cenas dos próximos capítulos..

Um comentário: